Após as inúmeras notícias sobre o escândalo envolvendo o INSS e descontos indevidos aos aposentados e pensionistas, a Vang ouviu com exclusividade na manhã desta quarta-feira (14/05), o Presidente da FETAG - Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul, Carlos Joel da Silva.
O presidente explicou sobre os movimentos feitos pela Federação e pelos sindicatos para alertar ao INSS sobre práticas abusivas e ainda trouxe orientações aos aposentados para conferência de possíveis irregularidades.
“A Fetag já havia alertado esse tema em 2020, mas não fomos ouvidos como entidade sindical. As irregularidades iniciaram com empréstimos consignados na conta dos aposentados e os sindicatos começaram a nos andar as provas; depois começou com desconto de mensalidades associativas por parte de entidades que não existiam no Rio Grande do Sul, como foi o caso da CBPA e várias outras. Estas faziam descontos na conta dos nossos aposentados. A gente via que o agricultor ia lá buscava aposentadoria, o sindicato encaminhava e antes mesmo do sindicato e o próprio agricultor saber que estava aposentado, ele já recebia a ligação de financeiras de São Paulo, Rio de Janeiro oferecendo o consignado. Juntamos toda essa documentação, fizemos um dossiê de quase 200 páginas, encaminhamos denúncia ao Ministério Público em 2021 e meses depois recebemos retorno que o caso tinha sido arquivado, e a justificativa foi de que outros inquéritos estavam em andamento no país, e que não iam fazer a abertura no RS de novo inquérito”, explicou.
Sobre o envolvimento do Governo Federal da gestão passada e também do Governo Federal da atual gestão, o Presidente da Fetag reforça que ambos deixaram a desejar nas averiguações: “A politização virou um câncer no nosso país. Os dois governos tiveram culpa nesse processo. O primeiro teve porque a quantidade de entidades criadas foi em 2019, os roubos iniciaram em 2020 - 2021, ainda era o governo passado, mas continuou no governo atual. Então ambos foram inconsequentes e não tiveram capacidade para fiscalizar o processo”, esclareceu.
Carlos ainda complementou sobre a consolidação tanto da FETAG quanto da CONTAG como entidades federativas de apoio e suporte ao agricultor aposentado: “Cabe lembrar aos ouvintes que a nossa federação, tem esse convênio com INSS desde 1994. E em 2019 surgiram diversas entidades se dizendo representantes dos aposentados fazendo falcatrua. O que a gente sente é que a hora que a Polícia Federal fez a ação, colocou todo mundo que tinha convênio na mesma 'vala'. Parece que todo mundo fez fraude e desviou recursos. Mas temos 47 mil aposentados e aposentados que preferiram autorizar o desconto na aposentadoria e não ir lá no balcão pagar a mensalidade no sindicato, mas as nossas mensalidades, o nosso agricultor, foi lá autorizou, tem ficha de sócio, etc. Então não é desconto indevido quando feito o processo pela federação. O que a FETAG quer é que a Polícia Federal vá até o final nas investigações. Quem tem que devolver o dinheiro é quem roubou”, concluiu.
Ainda segundo o presidente, houve falhas também dentro do próprio INSS: “O sistema foi burlado. Não poderia ter uma entidade que não existe no RS descontando aqui. Alguém dentro do INSS estava fornecendo dados e aceitando entidades que não deveriam ser aceitas”.
Durante entrevista o Presidente da FETAG ainda deixou orientações aos aposentados, para irem pessoalmente no seu sindicato de referência buscar informações e verificar sobre seu contracheque. “Nossa orientação aos aposentados rurais é sendo sócio do sindicato ou não, que leve o contracheque no sindicato para ver se há descontos indevidos. Não há custo algum para essa verificação”.
Acesse aqui nota oficial da CONTAG sobre o tema.
Você ainda pode conferir a entrevista completa em vídeo aqui
Foto: RAUL PEREIRA/ALRS/JC