O Governo do Rio Grande do Sul, decretou situação de emergência nesta segunda-feira, 19 de maio, para enfrentar aumento de hospitalizações por doenças respiratórias. Em Marau a realidade é similar. Segundo dados do Serviço de Controle de Infecção e Núcleo de Segurança do Paciente, do Hospital Cristo Redentor, somente de 1º a 18 de maio, foram atendidos no Pronto Atendimento, 774 pessoas com sintomas respiratórios. O número equivale a média de 43 atendimentos diários, somente de casos de síndromes respiratórias.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Marau, nas 12 unidades básicas de ESFs (Estratégia Saúde da Família), no mesmo período de 1º a 18 de maio, foram atendidos 412 pacientes com sintomas respiratórios. Diante disso, o total de atendimentos no município foi de 1186 atendimentos por síndrome respiratória na rede pública.
Embora não seja obrigatória a notificação de Influenza A e Influenza B pelo Ministério da Saúde, a orientação foi para que laboratórios seguissem notificando no município. De acordo com a Coordenadora de Vigilância em Saúde de Marau, Lisiane Dallagnese, foi observada uma média de 80 casos diários notificados de Influenza A, oriundos de sete laboratórios marauenses e uma farmácia da rede privada. “Observamos que o número de casos de influenza A é muito superior aos casos de covid19 notificados neste mesmo período, por exemplo. Isso quer dizer, que a predominância de sintomas respiratórios estão relacionados diretamente com a Influenza A, embora não se tenha conhecimento de qual cepa seja o vírus”, explicou.
Aumento de Internações e baixa procura pela vacina
Além disso, o número de internações e em contrapartida a baixa procura pela vacina, também preocupa o setor: “Somente na sexta-feira (16/05), recebemos no HCR quatro novas amostras de pacientes internados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). Também é preocupante o alto índice de pessoas infetadas por influenza A e pessoas internadas, e por outro lado a baixa cobertura vacinal”.
Até o último levantamento feito pela Vigilância em Saúde de Marau, a última sexta-feira (16/05), foram aplicadas no município através do Sistema Único de Saúde 9.352 doses da vacina contra Influenza. No entanto, contabilizando todas as remessas que a Secretaria Municipal de Saúde receberá até o final da vigência da campanha, 17 mil doses, o que quer dizer que somente metade do quantitativo disponível foi aplicado à população. “Disponibilizamos a vacina para todos os públicos de forma antecipada pois queremos que aumente a procura pela imunização. Corre-se o risco de 8 mil doses serem descartadas ao final de sua validade, se não forem utilizadas”, esclareceu Lisiane Dallagnese.
Dos públicos prioritários, até o momento Marau vacinou 50,93% idosos acima de 60 anos, 22,54% crianças até 6 anos incompletos e 37,32% gestantes.
Dados do Rio Grande do Sul
De acordo com dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), o Rio Grande do Sul registrou neste ano, até esta segunda-feira (19/05), 4.099 hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Essas internações foram causadas por infecções como influenza (gripe), covid-19, vírus sincicial respiratório (VSR), entre outros. Do total de casos, 305 evoluíram para óbito. Entre as crianças menores de cinco anos, foram registradas 1.374 internações e 10 mortes.
O decreto do Governo do Estado, justifica a decisão em razão do significativo aumento nas internações por síndromes respiratórias nas últimas semanas. De 31 de março a 5 de abril, foram registradas 194 hospitalizações. Já de 28 de abril a 3 de maio, o número dobrou, chegando a 392. De 4 a 10 de maio, os registros subiram ainda mais, totalizando 451 hospitalizações. Como os casos são contabilizados pela data de início dos sintomas, os números de 11 a 17 de maio ainda estão sendo consolidados e aumentarão conforme acontecem as notificações.
Entre os vírus responsáveis pelas internações, a influenza (gripe) teve um crescimento expressivo. De 31 de março a 5 de abril foram registrados 9 casos, número que saltou para 116, na semana de 28 de abril a 3 de maio - um aumento superior a 1.100%. Em 2024, a gripe já causou 526 hospitalizações e 43 óbitos no Estado.
Outro importante agente é o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por 495 hospitalizações neste ano, das quais 95% (471) ocorreram em crianças com menos de cinco anos. A atual circulação simultânea de diversos vírus respiratórios, somada à tendência natural de aumento dos casos durante o inverno, contribui para o agravamento da situação das SRAG no Estado.
