Uma forte chuva de granizo espantou os moradores de Castro, nos Campos Gerais do Paraná, na manhã desta terça-feira (26). O temporal, rápido e intenso, transformou a paisagem da cidade e deixou um cenário incomum, semelhante ao de neve.
O fenômeno começou por volta das 9h10 e durou menos de 20 minutos. Nesse curto intervalo, a chuva de pedras de gelo cobriu ruas, avenidas e estradas, tanto na zona urbana quanto em áreas rurais.
A intensidade foi suficiente para provocar danos em casas, veículos e lavouras. Entre os pontos mais atingidos estão a Vila Rio Branco, onde funciona a Calpar, e a região do Passo dos Bois, no interior. Nessas localidades, moradores relataram telhados perfurados, janelas quebradas e estragos em plantações.
A Prefeitura informou que uma força-tarefa foi organizada em conjunto com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros para atender as ocorrências. Equipes estão percorrendo diferentes bairros e comunidades para avaliar os prejuízos e dar suporte às famílias afetadas. Apesar da dimensão do temporal, não há registro de vítimas. A preocupação principal recai sobre famílias que tiveram imóveis comprometidos e sobre os produtores rurais, que podem ter perdas consideráveis nas colheitas.
As imagens gravadas pelos moradores logo ganharam as redes sociais. Vídeos mostram ruas e praças completamente tomadas pelo gelo, carros cobertos de branco e crianças brincando com o granizo acumulado. A paisagem inesperada chamou a atenção e reforçou a força do evento.
De acordo com a Defesa Civil do município, a região sul da cidade foi a mais atingida, impactando áreas urbanas e rurais. Até 11h não havia relato de vítimas, mas segue o trabalho de coleta de informações sobre estragos em imóveis. Além da Defesa Civil, a prefeitura já mobilizou para prestar atendimentos servidores das secretarias de Governo (Departamento de Obras e Serviços), de Assistência Social, de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e de Segurança Pública.
O fenômeno não surpreende. Desde o domingo a MetSul Meteorologia alertava que uma baixa segregada (fria) provocaria temporais de granizo no Sul do Brasil com maior risco no Paraná e Santa Catarina.
“Há diversos precedentes históricos em agosto e setembro deste tipo de sistema causar granizo e em alguns casos até em grande quantidade a ponto de o gelo se acumular nas ruas de uma cidade”, destacou o boletim da MetSul.
Uma baixa segregada em altitude é um sistema de baixa pressão fechado que se desprende da corrente de jato principal, muitas vezes permanecendo sobre uma região por vários dias e esse padrão pode ser muito favorável à formação de granizo. Como as baixas isoladas em altitude têm núcleo frio, elas trazem temperaturas anormalmente baixas nas camadas superiores da atmosfera, o que aumenta a instabilidade quando combinado ao ar mais quente e úmido próximo da superfície.
As fortes diferenças de temperatura em altura favorecem correntes ascendentes intensas, ingrediente fundamental para o crescimento do granizo. O ar mais frio em altitude também reduz o nível de congelamento, facilitando a formação e a sobrevivência das pedras de granizo até atingirem o solo.
Crédito: Estael Sias / Metsul Meteorologia
